sábado, 19 de setembro de 2009

“Mal do pé” preocupa produtores de trigo na região Sudoeste do Paraná

Produtores de trigo da região Sudoeste do Paraná estão sofrendo com um fungo nas plantações. O “Mal do Pé”, ou Gaeumannomyces graminis, têm deixado Engenheiros Agrônomos e cooperados da Coasul em alerta. A doença é preocupante, já que pode ocasionar destruição total da lavoura. Segundo o Engenheiro Agrônomo do entreposto da Coasul de Nova Prata do Iguaçu, Gustavo Zanella, o Mal-do-pé, é uma das mais sérias doenças radiculares dos cereais de inverno, e está diretamente relacionada com a monocultura, ocorrendo principalmente na região sul do Brasil e sob condições de plantio direto.

“As chuvas contínuas dos últimos dias propiciam um ambiente favorável para o desenvolvimento do fungo, já que é preciso precipitação média de 400 milímetros”, explica Zanella.O fungo é de fácil identificação, já que durante o espigamento, as lavouras apresentam manchas circulares de coloração amareladas de alguns centímetros a mais de um metro, com plantas com crescimento retardado que secam prematuramente.

“O fungo impede que a planta absorva nutrientes. Quando o ataque do fungo ocorre no início do desenvolvimento da cultura, as flores abortam e as espigas tornam-se completamente brancas, com grãos chochos. Quando arrancadas, as plantas doentes oferecem pouca resistência, em razão do sistema radicular deficiente, pois a mesma foi impedida de crescer”, lembra o técnico da Coasul. Ainda segundo ele, os produtores podem ainda identificar a doença pelas reboleiras, que são formações com plantas mais baixas e brancas do que o habitual.

O fungo sobrevive no solo e em restos culturais de trigo, centeio, cevada, triticale e de inúmeras gramíneas nativas e em outras gramíneas hospedeiras. A disseminação ocorre pelo vento e por solo contaminado transportado por equipamentos agrícolas e animais, não sendo a doença transmitida através das sementes. Certas características do solo são altamente favoráveis à doença, como solos mal drenados, com baixa fertilidade, pH entre 6,5 e 8,5 e temperaturas entre 12 a 20°C, sendo o fungo sensível ao calor. Infelizmente o “Mal do Pé” não tem controle químico. Conforme esclarece Zanella, o ideal é que o produtor trabalhe com culturas resistentes. “As dicotiledôneas de inverno, como nabo e ervilhaca.

Outro método eficiente é a rotação de culturas, ou seja, não plantar trigo ou outra cultura por mais de uma safra na mesma área, já que o fungo fica instalado nos restos culturais por anos”, alertaPráticas de manejoUm período de um ano sem gramíneas hospedeiras, como rotação de culturas ou pousio é suficiente para reduzir o inóculo e evitar perdas econômicas. A ausência de plantas invasoras é também medida importante de controle.

Culturas como o linho, a canola e as leguminosas de inverno, por não serem hospedeiros, são recomendadas no esquema de rotação para minimizar o dano causado pelo fungo. Em solos supressivos onde há presença de bactérias antagonistas ao fungo, se observa um declínio da doença. Outras práticas de manejo indicadas incluem a manutenção do pH do solo abaixo de 6 e reduzir a irrigação. Não há recomendação de fungicidas para o controle da doença no Brasil.